sexta-feira, 22 de outubro de 2010

organismo

escrevo a esquizofrenia.
no caos organizo o caos:
entropia
viva flor
recém despontada.
não entre aqui
você,
que me vigia
ou come
e vai embora.
antes: saia.
deixe-me só
no caos
organismo vivo
-e contente -
pra onde o desconhecido vem
caos, entropia,
onde sozinha me organizo
flor desabrochada.
Noite em que a vida está guardada sob minha barriga.
Desejo simplesmente tudo.
Só me satisfaria com tudo, mas careço de qualquer amor.
Estão guardados, latentes, sob um órgão ou sob umnaco de pele.
Na dúvida, amo amores passados.
Na falta, planejo idas futuras.
Ver terras, estrada
Todo ar que aspiro é meu desejo de ver gente
e o mesmo ar que solto é minha vontade de ser bicho.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Entrar pelas narinas
ou ouvidos.
Introjetar-se inteiro
por dentro do outro.
Pela parte interna, mucosas.
(Fluídos linfáticos, plasmáticos.
Genitais.)
Caber-se todo.
Ir preenchendo cada curva extrema
da endoderme.
Os dedos côncavos,
costelas que abraçam.
Pedir espaço pra todas as veias e artérias.
Pra cavidade ventral abdominopélvica - a parede pros órgãos
- estômago, duodeno -
que também partilham este corpo.
E dar prazer.
O mais completo, íntegro, livre, absoluto prazer.

sábado, 2 de outubro de 2010

a graça

  não tem jeito.
qualquer pessoa que eu já amei eu vou amar pelo resto da vida.
qq pessoa.
qq pessoa é amável.
qq pessoa é amor
pessoa é humana, qq pessoa humanável
qq pessoa é humanamor
e qq um é humor

sexta-feira, 1 de outubro de 2010



Ai cidade cinza e chata,
não me dá graça nem ânimo.
Fica de trapaça com a felicidade, mas se passa
que essa cidade
eu amo.