Amo como ama o amor. Não conheço nenhuma outra razão para amar senão amar. Que queres que te diga, além de que te amo, se o que quero dizer-te é que te amo?
quinta-feira, 27 de outubro de 2011
domingo, 24 de julho de 2011
domingo, 10 de julho de 2011
Inventar-se
Amanhã
é palavra que se mastiga
com muita saliva,
com saúde
se deglute,
se engole mas depois
se cospe, tosse,
expele
isto pela manhã
sobre a própria pele,
para viver devorar
as palavras,
e digerir o dia pra lançar
longe, preciso
já
a excreção
já a vontade
já um cuspe
semente
já
o desejo.
um cuspe
um segredo
do amanhã
seguinte.
é palavra que se mastiga
com muita saliva,
com saúde
se deglute,
se engole mas depois
se cospe, tosse,
expele
isto pela manhã
sobre a própria pele,
para viver devorar
as palavras,
e digerir o dia pra lançar
longe, preciso
já
a excreção
já a vontade
já um cuspe
semente
já
o desejo.
um cuspe
um segredo
do amanhã
seguinte.
segunda-feira, 30 de maio de 2011
Aquela horinha logo antes do sol nascer.
Olho para a rua e não a reconheço: ainda bem.
Madrugam as possibilidades.
Apenas lembro que a lua existe,
minúscula fenda.
Mas onde cabe toda a luz desse planeta,
sacro-reflexo,
que sugere as silhuetas
para além do último poste
e de minha estagnação.
terça-feira, 12 de abril de 2011
domingo, 3 de abril de 2011
Floating
Sobrevoo.
Pairo
vou
e não paro
nunca mais.
por hoje,
Por esta hora
leve
entregue
a tudo o que é próprio ao ar
sem deixar de pertencer à terra
Pairo
vou
e não paro
nunca mais.
por hoje,
Por esta hora
leve
entregue
a tudo o que é próprio ao ar
sem deixar de pertencer à terra
quarta-feira, 23 de março de 2011
Absoluta
Já sou tua
mas não digo,
nem te chamo,
e você escuta.
É sem luta
que te amo,
meu amor sem nome,
a paz é muda.
mas não digo,
nem te chamo,
e você escuta.
É sem luta
que te amo,
meu amor sem nome,
a paz é muda.
Fernando Pessoa
- Eu amo tudo o que foi,
Tudo o que já não é,
A dor que já me não dói,
A antiga e errônea fé,
O ontem que dor deixou,
O que deixou alegria
Só porque foi, e voou
E hoje é já outro dia.
- Fernando Pessoa, 1931.
[Poesias Coligidas]
à noite, meio-dia
Não,
é mentira, todos,
a cidade inteira
não dorme: pulsa,
e eu vou
a qualquer lugar onde pouse,
repouse, e assim acorde
dessa vigília
onde todos vivem,
vigília onde todos dormem.
é mentira, todos,
a cidade inteira
não dorme: pulsa,
e eu vou
a qualquer lugar onde pouse,
repouse, e assim acorde
dessa vigília
onde todos vivem,
vigília onde todos dormem.
quinta-feira, 17 de março de 2011
segunda-feira, 14 de março de 2011
Habitantes
Não podia dormir.
Tua
fertilidade
em mim.
E morava nesta sua casa, uma noite só: um lugar totalmente desconhecido:
Eu nunca te vi.
Não te odeio,
não te desgosto.
O mundo todo
que não sei
é você
a meu lado.
Que nasce
de dentro,
a quem amo
pra fora,
a quem amo pra fora e além de mim,
pra fora
e muito além de você.
Tua
fertilidade
em mim.
E morava nesta sua casa, uma noite só: um lugar totalmente desconhecido:
Eu nunca te vi.
Não te odeio,
não te desgosto.
O mundo todo
que não sei
é você
a meu lado.
Que nasce
de dentro,
a quem amo
pra fora,
a quem amo pra fora e além de mim,
pra fora
e muito além de você.
sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011
quinta-feira, 27 de janeiro de 2011
O amor estava no espaço oco sob as
tábuas do taco onde eu me deitava
in loco, em lótus, um feto, algo concreto, concretista, improvável,
estável
e estática,
impossível,
torta
eu me deitava morta.
O amor me olhava,
você me olhou:
e eu estava no espaço oco
sob as tábuas do taco onde antes o amor estava.
Mas esse amor se deitava
eu não estava
só.
tábuas do taco onde eu me deitava
in loco, em lótus, um feto, algo concreto, concretista, improvável,
estável
e estática,
impossível,
torta
eu me deitava morta.
O amor me olhava,
você me olhou:
e eu estava no espaço oco
sob as tábuas do taco onde antes o amor estava.
Mas esse amor se deitava
eu não estava
só.
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